COVID-19 – O que a Bíblia diz sobre epidemias? Algumas verdades desconfortáveis

Várias orações e sermões excelentes sobre a pandemia de COVID-19 têm sido feitos nas últimas semanas. 

Eles têm enfatizado alguns temas como a soberania de Deus, a fragilidade do homem e o chamado aos cristãos para não temerem, mas serem bons cidadãos, vozes de paz e agentes de compaixão nas crises. 

Como a Bíblia fala, nós precisamos focar na perspectiva eterna sobre estes “sofrimentos leves e momentâneos(2 Coríntios 4:17) e lembrar que nosso tesouro está no céu e não na terra (Mateus 6: 19 – 21). 

Isso não é algo fácil de ouvir para nós que estamos de quarentena em nossas casas assistindo 20 anos de economias desaparecendo em duas semanas e se perguntando se as empresas que trabalhamos sequer existirão em dois meses.

Não é somente a ameaça física do vírus, mas o fato de que está atingindo um mundo que, antes mesmo dessa pandemia surgir, já estava em dívida (dívida global é agora um recorde de 322% do PIB1) e já havia usado todos seus recursos fiscais.

Muitos de nós nunca havíamos vivenciado antes, um evento que causasse uma devastação social e financeira tão generalizada.

Por isso é essencial que, como cristãos, mantenhamos a calma e nos comportemos como agentes de Cristo naquilo que falamos e fazemos.

Depois de tudo, nós sabemos que Deus nunca nos deixará ou abandonará (Hebreus 13:5) e nada pode nos separar do amor de Deus em Cristo Jesus, nosso Senhor (Romanos 8: 38,39). Como o apóstolo disse o viver é Cristo e o morrer é lucro (Filipenses 1: 21).

Mas também precisamos refletir sobre nossa situação global – talvez começando com a pergunta acerca do que a Bíblia nos ensina sobre epidemias. 

Nós sabemos, pela ciência, que as epidemias são causadas por agentes infecciosos (bactérias e vírus) que são transmitidos de uma pessoa para outra, e, pela história, que elas não são incomuns.

A Wikipédia2 documenta inúmeras que têm ocorrido ao longo da história – resultando em centenas de milhões de mortes. A página de história das epidemias3 ilustra isso graficamente. Epidemias não são uma novidade.

A sua letalidade depende de uma gama de fatores – a gravidade da doença que causam, a infectividade do agente, o nível de imunidade na população e a existência de vacinas e tratamentos.

Coronavírus não é nem o pior nem o último que vamos enfrentar. Todavia, devemos encará-lo com seriedade.

Ele causa uma doença que requer hospitalização em cerca de 20% das pessoas, das quais cerca de um quarto precisarão de ventilação mecânica. Sua mortalidade não é conhecida ao certo, mas provavelmente está entre 1 e 4%

É moderadamente infeccioso (tão fácil de transmitir quanto o Ebola) e não há imunidade preexistente na população humana e até então não há vacina. Nem há algum tratamento curativo específico – somente tratamento sintomático, como alívio da dor (se você encontrar algum paracetamol para comprar) e tratamento de suporte como oxigênio e ventilação/ECMO. Tem uma predileção particular pelos idosos e enfermos.

Até então, ele já matou mais de 10.000 pessoas4 ao redor do mundo, mas, como sabemos, o número está crescendo rapidamente.

No entanto, ainda está bem abaixo das piores epidemias na história listadas a seguir, as quais mataram mais de um milhão de pessoas.

Como você pode ver, as quatro piores epidemias da história em termos de vidas perdidas foram a Praga de Justiniano, a Peste Negra, a Gripe Espanhola e a Epidemia da Aids, todas levaram mais de 20 milhões de vidas.

Portanto, ainda temos um caminho considerável a percorrer.

Então o que a Bíblia nos ensina sobre epidemias? E como ela deve moldar nossa resposta como cristãos?

Para entender isso precisamos olhar para os vírus e bactérias do passado e para a realidade espiritual por trás disso.

Nós sabemos que Deus é soberano sobre tudo que acontece no universo. Como o livro de Daniel nos lembra, reis não podem governar, leões não podem atacar e fogo não pode queimar sem a permissão d’Ele. 

Deus é soberano sobre todas as coisas humanas, biológicas e físicas e especialmente sobre a ascensão e queda das nações (Daniel 2:21, 4:25, 5:21).

Deus foi o autor das pragas do Egito em Êxodos 7 – 12 e é igualmente o autor das pragas descritas no livro de Apocalipse. 

Deus é nosso Salvador, mas Ele também é nosso juiz e o julgamento dele é realizado não somente no fim dos tempos, mas durante o curso da história.

Por meio do profeta Ezequiel, Deus fala sobre seus “quatro terríveis juízos” (14:21) – a espada, a fome, os animais selvagens e a praga – que ele envia tanto contra Jerusalém (14:21) como também contra “qualquer nação” que pecar contra ele (14:13).

Deuteronômio 28 lista as maldições da desobediência sobre as quais o Senhor adverte que atacará Israel caso a nação caia em apostasia, e estas incluem doenças infecciosas (28: 2122, 58-63).

Os livros dos Profetas no Antigo Testamento descrevem detalhadamente o que acontecerá a cada nação e império no curso da história como resultado do pecado social (sim, nações, assim como indivíduos, serão julgados) e em passagens como Amós 4, Deus deixa muito claro que Ele próprio era a fonte da fome, seca, flagelo, gafanhotos e pragas (4:10) que Israel havia sofrido. Deus é soberano.

“Ocorre alguma desgraça na cidade sem que o Senhor a tenha mandado?” (Amós 3:6 – NVI)

Quando Salomão ora ao Senhor em 2 Crônicas 6:12-42, pedindo-lhe para libertar Israel da guerra, seca, fome e peste (28-31) Deus em sua resposta (7:13) deixa muito claro que ele próprio é o autor dessas aflições:

“Se eu fechar o céu para que não chova ou mandar que os gafanhotos5 devorem o país ou sobre o meu povo enviar uma praga…” (2 Crônicas 7:13)

Jesus deixa bem claro que o tempo entre a Sua primeira e segunda vindas será caracterizado por guerra, terremotos, fomes e também pestes (Lucas 21:10-11).

O quarto cavalo de Apocalipse e seu cavaleiro, nomeados Morte e Hades, receberam poder “para matar pela espada, pela fome, por pragas e por meio dos animais selvagens da terra” (Apocalipse 6:8).

Todos os quatro cavalos do apocalipse e até todas as pragas descritas no livro de Apocalipse são lançadas pelo próprio Jesus Cristo. É o próprio cordeiro de Deus, que abre os sete selos (Apocalipse 6:1), ordena o toque das sete trombetas (8:1,2) e ordena o derramar das sete taças da ira Deus (16:1).

Muitos cristãos hoje preferem culpar seres humanos ou Satanás por esses tipos de eventos cósmicos – mas, embora eles estejam definitivamente envolvidos – é o próprio Deus quem é o autor e o juiz. Satanás teve que pedir a permissão de Deus para afligir Jó (Jó 2:4-8) ou para peneirar Pedro (Lucas 22:31) – ele é como um cachorro na coleira. 

Assim, não deve nos surpreender quando olhamos para as epidemias descritas na Bíblia – eventos que parecem mais prováveis de serem causados por agentes infecciosos como vírus e bactérias – que é Deus, ou um dos anjos dele, que invariavelmente é nomeado como o agente ativo.

Listei abaixo as sete principais pragas descritas no Velho Testamento. Você observará que em cada caso Deus ou o Anjo do Senhor é descrito como o agente ativo. Além disso, em cinco das sete é Israel o objeto de julgamento. Os assírios e filisteus ocupam as outras duas vagas.

Além disso, cada praga constitui retribuição para alguns pecados específicos da nação – insubordinação, imoralidade sexual, idolatria ou qualquer outra coisa. 

Então, como cristãos como devemos responder ao coronavírus?

Nós devemos, é claro, orar por sabedoria do Senhor: por fé para ver o plano de Deus através de tudo, por esperança na nossa segurança em Cristo Jesus, e por força para ser o corpo de Cristo ao ministrar aos necessitados.

Há muitas oportunidades para mostrar compaixão por aqueles que estão sofrendo e muitas igrejas já tomaram parte nesse caminho.

Mas se nós falharmos em ver que Deus é também soberano sobre esse evento – que ele não tem somente o permitido mas também o causado e que essa “praga” é um ato de juízo e uma marca de nosso pecado como nação – nós teremos entendido tudo errado.

“Eu sou o Senhor, e não há nenhum outro. Eu formo a luz e crio as trevas, promovo a paz e causo a desgraça; eu, o Senhor, faço todas essas coisas. ” (Isaías 45:6,7) 

Sim, Deus é um Deus que cura. Ele irá cuidar de nós. Ele é amável e compassivo. Mas também é o autor final do sofrimento humano porque Ele é também nosso juiz e usa isso para nos acordar de nosso adormecimento espiritual. Como C. S. Lewis disse: 

“Podemos ignorar até mesmo o prazer. Mas o sofrimento insiste em ser notado. Deus sussurra em nossos prazeres, fala em nossa consciência, mas grita em nosso sofrimento: ele é o seu megafone para despertar um mundo surdo”  

Como é que somos surdos? É interessante que essa epidemia parece estar prejudicando mais os países ricos ocidentais. Que, em termos gerais, os mais velhos e mais ricos de nós no planeta estão sendo atingidos mais duramente. 

Este vírus ameaça ser mais esperto do que nós e sobrecarregar até os nossos incomparavelmente vastos recursos médicos, financeiros e sociais. Estamos combatendo-o com toda a nossa riqueza, engenho e conhecimento científico – e é correto fazê-lo – mas estamos, em última instância, nas mãos de Deus. É Ele que, por uma sutil reviravolta, pode escolher contê-lo ou deixá-lo solto. Nós somos massa, ou pó, em suas mãos.

Idade% da população%de infectadosFatalidade
0-912.0%0.9%0 neste momento
10-1911.6%1.2%0.2%
20-2913.5%8.1%0.2%
30-3915.6%17.0%0.2%
40-4915.6%19.2%0.4%
50-5915.0%22.4%1.3%
60-6910.4%19.2%3.6%
70-794.7%8.8%8.0%
80+1.8%3.2%14.8%

E assim, juntamente com todas as coisas boas que estamos fazendo e devemos fazer para conter, mitigar e fazer regressar esse vírus, precisamos perguntar o que Deus pode estar dizendo para nós como o rico e imprudente ocidente pós-cristão – uma cultura em estágio final que virou as costas para Deus e seguiu seu próprio caminho.

Foi Ezequiel quem disse a respeito do seu próprio povo há muitos séculos atrás:

‘Ora, este foi o pecado de sua irmã Sodoma: ela e suas filhas eram arrogantes, tinham fartura de comida e viviam despreocupadas; não ajudavam os pobres e os necessitados. Eram altivas e cometeram práticas repugnantes diante de mim. Por isso eu me desfiz delas, conforme você viu.’ (Ezequiel 16:49,50 NVI)

Essas palavras poderiam descrever igualmente bem o mundo ocidental de hoje.

Um dos relatos mais interessantes dos casos de peste listados acima é aquele que envolve o censo, descrito em 2 Samuel 24 e 1 Crônicas 21.

O rei Davi faz um censo dos homens combatentes de Israel, contrariando a ordem de Deus. Como resultado, Deus envia um anjo para trazer uma praga sobre Israel. 70.000 pessoas morrem por todo o país – de Dã até Berseba (2 Samuel 24:15).

Mas, quando o anjo está prestes a destruir Jerusalém, Deus o detém e diz: “Pare! Já basta!”. (24:16)

Davi vê o anjo que está naquele momento na eira de Araúna, o jebuseu, e pede a Deus que o castigue, em vez do povo (já que o censo foi sua culpa).

A resposta de Deus é pedir a Davi para construir um altar no local, que ele então compra por 50 peças de prata, e sacrifica holocaustos, ofertas de comunhão e orações que levam Deus a cessar a praga.

O lugar onde esses eventos acontecem é profundamente significativo. Nos é dito em 2 Crônicas 3:1-2 que a eira de Araúna era no Monte Moriá – o lugar onde Deus providenciou um carneiro substituto para Abraão por seu filho Isaque e onde Salomão, filho de Davi, viria mais tarde a construir o Templo. Nós o conhecemos hoje como o Monte do Templo.

No Monte Moriá um carneiro morre no lugar de Isaque. Na eira de Araúna animais são sacrificados no lugar do povo de Jerusalém. No Monte do Templo ovelhas e cabras são mais tarde sacrificadas no lugar do povo de Israel. Cada morte em substituição desvia a ira de Deus.

Todos esses três eventos apontam profeticamente para a morte de Jesus na cruz pelos nossos pecados, recebendo o castigo que nós merecíamos.

O Cordeiro de Deus – Jesus Cristo – torna-se nosso Salvador morrendo em nosso lugar.

O que acontecerá com a epidemia de coronavírus está nas mãos de Deus. Nós não sabemos neste momento quantas vidas serão reivindicadas e se seremos incluídos pessoalmente nesse número.

Mas precisamos nos lembrar que o Cordeiro, que deu Sua vida para que possamos estar diante de Deus com confiança no dia do julgamento, é o mesmo Cordeiro que retira os selos do julgamento no livro do Apocalipse para libertar os quatro cavaleiros do apocalipse.

Sabemos que, independentemente de quão grave seja e de quantas pessoas morram, a praga do coronavírus eventualmente irá passar e se tornará apenas mais um evento na história. Mas estamos lendo os sinais?

Infelizmente, no contexto do Apocalipse, a maioria das pessoas na Terra perdeu os sinais. Fomos informados de que, diante desses avisos, eles falharam em se arrepender:

“O restante da humanidade que não morreu por essas pragas nem assim se arrependeu das obras das suas mãos; eles não pararam de adorar os demônios e os ídolos de ouro, prata, bronze, pedra e madeira, ídolos que não podem ver, nem ouvir, nem andar. Também não se arrependeram dos seus assassinatos, das suas feitiçarias, da sua imoralidade sexual e dos seus roubos.” (Apocalipse 9:20-21 – NVI)

Assassinatos, feitiçarias, imoralidade sexual e roubos. Não é difícil ver como essas descrições podem ser aplicadas hoje em nosso Ocidente pós-cristão, à sombra da revolução sexual e de todas as suas consequências sociais.

Eles não apenas falharam em se arrepender, mas mais tarde, quando as coisas pioraram, eles, assim como os egípcios anteriormente, “amaldiçoaram o nome de Deus, que tem domínio sobre estas pragas.” (Apocalipse 16:9 – NVI)

Sim, nós devemos fazer tudo o que for humanamente possível para restringir e mitigar essa epidemia (veja minha recente postagem no blog6 sobre o quão fundamental é o teste de vírus adequado para que isso ocorra) mas se fizermos isso sem interpretar este evento como um aviso de Deus, teremos perdido o foco. Precisamos vê-lo através dos olhos das Escrituras, assim como através dos olhos da ciência. 

As palavras de Deus para Salomão foram muito claras:

“Se eu fechar o céu para que não chova ou mandar que os gafanhotos devorem o país ou sobre o meu povo enviar uma praga, se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra.” (2 Crônicas 7:13-14 – NVI)

Isso é o que precisamos fazer como igreja e como nação – nos humilhar, orar, buscar a face de Deus e abandonar nossos pecados. Estamos vivendo em uma cultura em fase terminal e este é apenas o começo do que nos acontecerá se fecharmos nossos olhos e ouvidos para os sinais. Ainda não é tarde demais, mas precisamos agir agora antes que seja.

No Evangelho de Mateus nos é dito que Jesus começou a pregar com as palavras: “Arrependei pois o Reino dos céus está próximo.” Nunca esteve tão perto como agora. É hora de se arrepender.


Tradução: Médicos de Cristo

Fonte: http://pjsaunders.blogspot.com/2020/03/covid-19-what-does-bible-say-about.html

Referências:

  1. https://edition.cnn.com/2020/01/13/economy/global-debt-record/index.html
  2. https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_epidemics
  3. https://www.visualcapitalist.com/history-of-pandemics-deadliest/
  4. https://www.worldometers.info/coronavirus/
  5. https://www.bbc.com/news/in-pictures-51618188
  6. http://pjsaunders.blogspot.com/2020/03/diagnostic-capacity-at-scale-is-key-to.html

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